ATÉ QUE MEUS DEDOS SANGREM. Vado Vergara. Porto Alegre, RS. 2020. 5’

“Até Que Meus Dedos Sangrem” é um documentário experimental, no qual as imagens da performance artística cruzam-se com os materiais de arquivo dos veículos de comunicação oficial do governo. O filme explora o potencial da imagem ao cruzar diferentes suportes artísticos e borra as fronteiras entre o registro documental e a criação poética. Isto é, a espetacularização do discurso e o potencial performático do atual presidente situam-se além do olhar documental, aproximando-se de uma espécie de realidade ficcionada, ao fazer vir à tona uma poética perversa.

 

CONFLITO. Salvador. Rio Grande, RS 2020. 1’32”

Animação em stop motion de matriz de gravura (laqueado).

 

CARNE SOBRE TELA. Grazi Labrazca. Curtiba, PR. 2020. 3’22”

Uma Vênus se olha no espelho, e reconhece as marcas do tempo em seu corpo. Cabelos brancos, rugas, flacidez, não a impedem de ser bela. Sua sabedoria não a permite continuar no papel passivo de musa.

 

NECROXORUME. Coletivos Casa Nena e Patê Filmes e Coisas. São Carlos, SP. 2019. 4’03”

Uma família parte para resgatar um parente adormecido e suas estranhas figuras despertam curiosidade. Disfarces humanos fazem parecer que é seguro segui-las, mas a família de monstres sabia que estava sendo filmada e decide jantar o filme.

 

O CISCOWBOY MARCA SUAS VITÓRIAS SEXUAIS NA PISTOLA. Vitor Barbara Vedovato. Sumaré, SP. 2020. 4’59”

A atual construção cis masculina visualiza o relacionamento sexual com o maior número de pessoas possível. Essa é a conquista a ser realizada. Nessa concepção, ainda que não contados, os indivíduos são quantificados, objetificados. Se tornam vitórias desumanizadas. Não é restrita ao universo heterossexual. É projetada em outros universos, porém, com diferentes reverberações. É narcisista. É falocêntrica. É, ao longo do tempo, frustrante, raivosa, vazia. Há uma memória da minha infanto-adolescência na qual um cowboy risca seu revólver para marcar seus inimigos mortos. Busco há tempos identificar essa referência, mas nunca a encontrei. Perguntei por aí e muitos dizem também terem-na na memória, mas também não sabem nomeá-la…

 

OBRA DA CARNE. Babolim. São Paulo, SP. 2020. 2’19”

Um homem, de costas à câmera, segura um braço de manequim vermelho de pintura desgastada. Em torno do membro, uma espiral de arame farpado circunda e falsamente restringe o toque. O homem prossegue então a esfregar a mão postiça sobre suas costas já arranhadas. O som metálico de algo sendo arrastado é acompanhado pela palavra do Evangelho segundo Marcos 4:25-31, recitado no momento de oração e benção Urbi et Orbi do Vaticano em 27 de março de 2020, em meio a pandemia do Covid-19. O toque vira inimigo da existência, o júbilo do contato humano é corrompido para vetor de contágio e ameaça a vida. A mão do desejo que antes só me feria, hoje mata todos ao meu redor. Este vídeo não é um estímulo para o autoflagelo.

BESTIÁRIO. Benedito Ferreira. Goiânia, GO. 2020. 5’

Todos os dias da minha vida / no centro do quintal / Eu sei que cada coisa se acertará

 

BEAUTY SECRETS.Julia Zulian. Jundiaí, SP. 2020. 3’07”

Influenciada pelos trabalhos Instructions No. 1 e Make Up – Make Down de Sanja Ivekovic e sua análise crítica da implementação sistemática dos códigos de gênero na sociedade de consumo, Beauty Secrets é uma experimentação audiovisual em forma de vídeo tutorial, que subverte aspectos dos recortes de identidade feitos pelo indivíduo na construção da imagem do personagem hiper-real feminino postado online nas redes sociais. Em uma contemporaneidade na qual temos as câmeras como nossos espelhos, nós, mulheres, dividimos experiências pessoais que antes da era da superexposição eram rituais privados. Uma vez que esses rituais integram o conjunto de práticas cotidianas que naturalizam convenções estéticas proclamadas como autocuidado, eles corroboram os axiomas da relação mulher, feminilidade e beleza. É partindo desse pressuposto que Beauty Secrets questiona a legitimidade desses axiomas, evidenciando o consumo excessivo de cosméticos à medida que a indústria estética insere no mercado novos produtos, crescendo lado a lado à massificação das mídias. Indaga-se a necessidade desses produtos ditos “indispensáveis” à mulher que reforçam, assim como a intensificação do culto ao corpo, padrões estéticos ilusórios.

 

FEFA X ZILMARC. Fefa & Zilmarc Paulino. São Paulo, SP. 2020. 2’13”

Colaborar com outras artistes sempre é especial pra mim, penso que a arte é construída coletivamente, com junção de potências e vivências. Eu sempre vou dizer que o meu corpo quando eu encontro outra artiste é uma tela em branco, pronta pra ser colorida com cores criadas especialmente e unicamente pra essa junção, criando uma corporalidade híbrida. Essa vídeo performance é um registro feito pela incrível @zilmarcpaulino, que elaborou e construiu esse vestido de papel e também registrou essas imagens belíssimas, e contamos com a assistente de arte produção @pablxneves auxiliando todo esse trabalho. Na sala de casa, durante uma pandemia, descobrindo que fragilidades se tornam força.

 

LITURGIA. André Okuma. Guarulhos, SP. 2019. 3’45”

Embaixo do véu do absurdo o sangue escorre. Vídeo-performance do artista Edgar.